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Matérias - 13/08/2018 | 17h43m

Itália recusa navio de organizações humanitárias com refugiados

Reuters
O navio Aquarius, operado pelas instituições de caridade SOS Mediterrâneo e Médicos Sem Fronteira (MSF), recolheu os imigrantes em duas operações separadas e atualmente está em águas internacionais entre a Itália e Malta.

O Aquarius passou nove dias no mar em junho depois que o novo governo italiano tomou posse e fechou seus portos a todos os navios humanitários, classificando-os como “serviço de táxi” e os acusando de ajudar traficantes de pessoas. As entidades humanitárias negam as acusações.

- Ele pode ir para onde quiser, não para a Itália - disse o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, sobre o Aquarius, no Twitter, mencionando França, Alemanha, Reino Unido ou Malta como destinos.

- Impeçam os traficantes de pessoas e seus cúmplices, #portosfechados e #coraçõesabertos - acrescentou Salvini, que é de extrema-direita.

Os portos
O ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, que supervisiona os portos e a Guarda Costeira, disse que, como o navio tem bandeira de Gibraltar, este deveria se responsabilizar.

- A esta altura, o Reino Unido deveria assumir sua responsabilidade pela salvaguarda dos náufragos - disse Toninelli no Twitter.

O Ministério de Relações Exteriores britânico não estava disponível para comentar de imediato.

A Comissão Europeia está em contato com vários países da UE e tentando ajudar a resolver o “incidente” com o Aquarius, disse um porta-voz em Bruxelas.

O centro de coordenação de resgates de Malta informou ao Aquarius no sábado que não o receberá, de acordo com o diário de bordo online do navio. O porta-voz do governo maltês não estava disponível para comentar de imediato nesta segunda-feira, 13.

Devido à pressão de Itália e Malta, a maioria dos navios humanitários não está mais patrulhando o litoral da Líbia. Mais de 650 mil imigrantes chegaram às praias italianas desde 2014.

Embora as partidas da Líbia tenham diminuído drasticamente neste ano, os traficantes de pessoas ainda estão lançando barcos ao mar, e estima-se que 720 pessoas morreram em junho e julho, quando a maioria dos navios humanitários estava ausente, avalia a Anistia Internacional.