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Editorial - 29/10/2019 | 18h17m

O voto e suas consequências

Constantemente analiso a questão do emprego do dinheiro dito público. Sobre o quesito “fiscalização” é nítido que fica em segundo plano, porque a veracidade do emprego de cada centavo deixa evidente, que o cidadão comum e seu simples bairro estão bem abaixo do que devia ser o normal para quem concedeu o voto a um candidato. Então, a classe dominante e os seus ainda vivem às custas do que o dinheiro público oferece e fartamente dele se esbanja. Isso é fato e as regiões mais carentes da cidade sentem o peso da questão, principalmente na esfera da educação pública, saneamento básico, saúde, segurança e assistência social. Os cargos principais da engrenagem ficam nas mãos do poder dominante, cujos filhos são matriculados nos melhores colégios particulares da cidade e isso tudo mantido com verba pública.

Na folha de pagamento dos órgãos públicos e de todos onde o peso da política partidária prevalece, nomes voam aos quatro cantos, muitos servidores de carreira, ainda que aposentados, acumulam novo contrato e outros, nem no setor são encontrados, caindo na conta bancária no final do mês, o pagamento valioso para quem nada produz, enquanto o servidor humilde enxerga a mísera recompensa do esforço físico e intelectual que empregou nos últimos 30 dias do mês.

Aliás, o título de eleitor tem um efeito muito interessante, que chama minha atenção ao ponto de expressar publicamente que tenho, mas usar é outro assunto. Tenho, porque é um documento oficial da minha personalidade física, mas utilizá-lo para votar e dar a um candidato a validade de permanecer com a verba pública nas mãos com os seus escolhidos a dedo e do seu grupo dominante é algo que invalidei de minha vida há anos. Nesse universo, também afirmo que lamento muito pelos humildes e mais jovens, porque continuarão a acreditar nos tradicionais contos de fadas (que nunca existiram), nos contos para crianças ninarem enquanto puras de sentimento e no sentimento social de instituições, cujos presidentes e os seus articulam caixinhas para bancar candidatos, que no futuro, terão a obrigação de devolver o gesto.

Com certeza, o voto tem suas consequências e para a grande maioria do povo brasileiro é a pior possível e mais uma vez, lamento pelos mais jovens e menos informados da máquina que comanda e administra a verba pública. Nesse mundo não há inocentes, mas lobos ávidos e famintos pelo voto e sua consequência em benefício próprio e dos seus.

Eliete Fonseca
Jornalista Profissional – Registro MTE 18.902/RJ