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Editorial - 05/11/2019 | 17h33m

Os mais jovens e o ensino público

Cerca de uns 25 anos atrás, os mais jovens matriculados na rede pública de ensino foram orientados por um tipo de metodologia completamente diferente da vivida nos últimos dez anos. Fatores como convivência numa sala de aula da rede pública foram alvos do aparelho de um celular que, aliás, deviam ter um norte para ser usado pelos profissionais, o que não ocorre com gigante frequência. Disso tudo, o que temos é um sistema público de ensino com muitos problemas e a aprovação imediata para a outra série no ano seguinte mostra o que se encontra quando o mesmo aluno chega à graduação.

É muito comum, profissionais com o título de mestrado e doutorado afirmarem a carência do emprego da Língua Portuguesa em textos da área do Direito como também na estrutura de um Trabalho de Conclusão de Curso, o TCC.

O que o Brasil oferece a nível de ensino público para os mais jovens é um retrato bem desgastado do que devia ser, porque verba tem e os órgãos públicos que validam as unidades escolares públicas carimbam as verbas e as administram mensalmente, porém o que se tem é a péssima estrutura e feita por muitos ditos Secretários Municipais de “Educação”.

Na prática, o que se ostenta nada tem a ver com a aplicação da melhoria do sistema público. Alunos ganham kits de material escolar, ganham passe para o transporte diário, ganham Bolsa Escola, ganham Bolsa Família, ganham merenda, ganham lanche, ganham livros, ganham cadernos. Ganham e ganham tudo, mas nada é cobrado quanto ao que se aprende numa sala de aula do ensino tradicional público brasileiro.

Numa das pontas, jovens cometem todo tipo de indisciplina, vandalismo e desrespeito ao professor, “futurando” como atores nas delegacias com registros ainda com pouca idade, vitimando uma sociedade inteira e os seus.

Se quando matriculado, “ganhou” uma estrutura que não retribuiu à altura, “fichado” ou “abandonado à sorte” nas ruas do país, nada, absolutamente nada restará ao adulto, contribuindo para que a população seja o retrato do que se tem para os dados infinitamente piores registrados no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística);

Em outra ponta, o sistema particular de ensino avança na qualificação dos jovens, que nada ganham; compram tudo e retribuem à formação profissional.

Num linguajar bem popular: verba tem, falta capacidade e interesse dos governantes públicos para mudar o quadro do ensino gratuito no Brasil. Raras são as exceções. Aliás, raríssimas. Muito ainda tem que mudar. Mudar mesmo.

Eliete Fonseca
Jornalista Profissional – Registro MTE 18.902/RJ