Pinheiral

O Instituto Vital Brazil, que realiza um trabalho específico com animais peçonhentos, promoveu colaboração técnica e capacitação com Agentes Comunitários de Saúde, Endemias e Controle de Vetores do município.

O Instituto Vital Brazil tem como missão contribuir para promoção da saúde através de pesquisa, difusão de conhecimento científico e fabricação de produtos, com ética e responsabilidade social e ambiental. É um dos 21 laboratórios oficiais brasileiros e um dos quatro fornecedores de soros hiperimunes para o Ministério da Saúde, que os distribui por todo Brasil. No instituto, são produzidos antídotos contra tétano, raiva e anti-peçonhentos, usados no tratamento de acidentes com cobras, aranhas e escorpiões.

Robson Vasconcelos, técnico do Instituto, informou que entre os casos com maior incidência de intoxicação humana estão as picadas de animais peçonhentos. “A maioria das intoxicações humanas ocorrem por medicamentos, agrotóxicos, produtos químicos e também por animais peçonhentos. Temos muitos acidentes com escorpiões, aranhas e serpentes, porém não podemos deixar de citar também as lagartas, lacraias e as abelhas”, informou.

Sobre as aranhas, Robson alertou sobre o formato das teias e sobre as espécies do animal. “Toda aranha tem veneno, mas nem todas tem importância médica. Temos que estar alerta com relação ao formato da teia. Teias redondas são de aranhas não-venenosas  e teias com formato irregular é sinal de alerta. Aranha marrom, a armadeira e a viúva negra são as mais venenosas , com grande risco médico e altamente letais”, revelou.

Lacraias, abelhas e lagartas também merecem atenção especial. Apesar de não parecerem tão perigosas, também podem causar mortes. “O veneno das lacraias não é tão tóxico ao homem. No país não temos ciência de casos comprovados de morte e nem de envenenamentos graves com lacraias. As abelhas também precisam de atenção porque geralmente ataques de abelhas provocam centenas de picadas que podem levar a óbito”, disse.

A capacitação também instruiu os profissionais com relação aos escorpiões que apesar de tão temido, não é um animal agressivo. “O escorpião não é agressivo. Ele só pica em caso de perigo e quando se sente ameaçado. Em outras situações, a reação do animal é fugir e se esconder. Temos que estar cientes de que o escorpião se reproduz muito rápido. Basta ter abrigo, alimento e água para fêmea se reproduzir por partenogênese - quando ocorre o desenvolvimento de um embrião sem o DNA paterno. As fêmeas procriam sem precisar dos machos para fecundação” disse Robson.

Os escorpiões procuram alimento à noite e entram nas residências e se instalam sem serem notados. Durante o dia se escondem e lugares escuros e úmidos.  Se proliferam embaixo de pedras, debaixo de cascas de árvores, em paredes e muros mal rebocados, entulhos, ralos, forros e outros.

O técnico do Instituto também informou que existem dois tipos de picada de escorpião e informou aos agentes como proceder em cada situação. “Existem dois tipos de picada: a que injeta veneno, chamada de molhada e a picada seca sem injeção de veneno. Para identificar, o médico trabalha com sintomas do paciente. Em caso de picada seca, não é utilizado soro antiescorpiônico porque pode provocar choque anafilático. Cabe destacar que 97% das picadas são secas e somente como defesa do animal. Os escorpiões só liberam veneno quando muito comprimidos”, relatou.

Com relação ao procedimento após a picada do escorpião, o Instituto Vital Brasil recomenda que o soro antiescorpiônico seja aplicado de 4 a 6 horas após o acidente com o animal. “A pessoa deve ser levada imediatamente ao hospital logo após a picada, pois o aparecimento de sintomas varia de acordo com a quantidade de veneno. Pode levar de 10 minutos até 4 horas e as reações no organismo variam muito de pessoa para pessoa. As reações no corpo dependem do tamanho do animal, em caso de alergias, quantidade de veneno, idade do acidentado e outros fatores”, informou Robson.

Os agentes também receberam informações sobre os primeiros procedimentos a serem realizados em caso de acidentes com peçonhentos “Em caso de acidente com animais peçonhentos, lavar o local da picada com água e sabão e levar o acidentado imediatamente ao pólo de atendimento mais próximo. Se a picada for no braço ou na perna, estas devem ficar levantadas”, orientou o palestrante que solicitou que todo acidente deve ser registrado independente da gravidade para se tornar estatística do Ministério da Saúde.

De acordo com a Chefe do Departamento de Vigilância em Saúde, Adriane Garcia, os agentes de Saúde, Endemias e Controle de Vetores devem ser a ligação com a população. “Devemos ser o elo com os moradores. Levar informação, atuar na prevenção e conscientizar. Precisamos da colaboração da população na limpeza de quintais e na divulgação das instruções”, declarou.

Adriane revelou ainda que a parceria entre população e poder público é essencial no controle de vetores. “Juntos temos que trabalhar com educação ambiental, prevenção, ações conjuntas entre departamentos, treinamentos e capacitações como esta. Vamos buscar aliar, obras, saúde, educação e meio ambiente para promover as ações”, disse.

De acordo com a Secretaria de Saúde, as centrais de soros que atendem o município em casos de picadas de animais peçonhentos são Volta Redonda e Piraí.

Instituto Vital Brazil