Pinheiral

Jogar alimentos fora é um hábito tradicional da população brasileira. O Brasil é um dos países recordistas em acúmulo de lixo orgânico. Este, quando não tratado adequadamente, agride a natureza e torna nossos solos inférteis para produção, além de outros malefícios relacionados à saúde pública, como atração de vetores, entre ratos, baratas e moscas.

Recente levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que, anualmente, de um terço a um quarto dos alimentos produzidos para consumo humano é desperdiçado.

Segundo a Organização, a comida desperdiçada poderia satisfazer as necessidades alimentícias de mais de 30 milhões de pessoas que sofrem fome. O mais importante é que existem diversas práticas para diminuir esse desperdício. A mais indicada é o chamado Aproveitamento Integral dos Alimentos (AIA).

O assunto foi tema de palestra na tarde de quinta-feira, 12, na Academia da Saúde.

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Segundo a palestrante e coordenadora da Oficina do Sabor Mulheres Mil, Júlia Santoro, todos pratos do empreendimento são elaborados com este princípio.

"O aproveitamento integral nada mais é que a utilização do alimento na sua totalidade, empregados no preparo de pratos saborosos, nutritivos e de baixo custo. Assim, aproveitamos as folhas, os talos, as cascas e as sementes que normalmente são descartadas, economizamos e experimentamos novas opções de cardápio", explicou Júlia que, entre os benefícios, enumera: "Consumo da parte do alimento mais rica em nutrientes (sais minerais, vitaminas e fibras); promoção de novos hábitos alimentares; elaboração de pratos saborosos e nutritivos; mais economia; e redução do lixo doméstico".

Para coordenadora do Mulheres Mil, ter criatividade e saber diferenciar o que é sobra e o que é resto são  características chave para cozinhar as partes não convencionais dos alimentos.

"Lembrando que todo vegetal deve ser muito bem lavado e higienizado para que possa ser utilizado na preparação dos pratos".

Durante a oficina realizada com usuários do pólo, foram servidas algumas amostras como suco de melancia, canapés de talos, doce de mamão, bolo de talo de agrião e suco de maracujá com abóbora - todas provadas e aprovadas pelos alunos.

As empreendedoras também ensinaram os participantes a como produzir brigadeiro com casca de banana (que tem mais vitamina C na casca que na própria polpa), bolos enriquecidos com pó da casca do ovo triturado e outras receitas utilizando cascas de abacaxi e melancia, versáteis, diuréticas e saborosas.

A coordenadora da Academia da Saúde, Sheila Sabença, acredita que as informações serão valiosas para o dia a dia de cada um.