Matérias - 14/04/2016 | 08h17m
Cristina Kirchner depõe à Justiça argentina
Buenos Aires
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner compareceu à Justiça quarta-feira, 13, para depor num processo que investiga a venda de contratos futuros de dólar a preços abaixo do mercado internacional, que teria causado um prejuÃzo aos cofres públicos equivalente a R$ 17 bilhões.
Ela entregou sua defesa por escrito, acusou o atual governo de montar uma operação para prendê-la e discursou para milhares de simpatizantes que foram até o tribunal para apoiá-la.
“Podem me convocar 20 vezes. Podem mandar me prender, mas o que não conseguirão é me calar e me impedir de dizer o que pensoâ€, disse Cristina.
O discurso público, feito de um palanque montado pelos simpatizantes da ex-presidente na porta do tribunal, durou quase duas horas e foi o primeiro desde sua despedida da Casa Rosada, no dia 9 de dezembro.
Cristina deixou o governo sem passar a faixa presidencial ao sucessor Mauricio Macri. Ela viajou para provÃncia de Santa Cruz, no extremo Sul da Argentina, no dia da posse do novo presidente e só voltou a Buenos Aires na segunda-feira, 11, pela primeira vez em quatro meses.
No aeroporto, uma multidão com bandeiras e faixas esperava sua chegada. Um pequeno grupo ficou de plantão, na porta do edifÃcio do bairro nobre da Recoleta, onde a ex-presidente tem um apartamento, para saudá-la cada vez que saÃa de casa. Nem parecia que Cristina Kirchner tinha viajado a Buenos Aires a pedido da Justiça.
O juiz Claudio Bonadio está investigando contratos futuros de dólares, negociados meses antes do fim do segundo mandato de Cristina, a preços em média 42% abaixo da cotação no mercado internacional. Na época, ainda vigoravam os controles cambiais impostos pelo governo em 2011, para impedir a fuga de divisas. O Banco Central vendeu a moeda norte-americana prevendo que, no futuro, custaria cerca de dez pesos (cifra próxima ao câmbio oficial), quando no mercado paralelo tinha superado os 15 pesos.
No documento, a ex-presidente defendeu a polÃtica do seu ex-ministro da Economia Axel Kicillof (que é hoje deputado) e do ex-presidente do Banco Central argentino Alejandro Vanoli. Cristina Kirchner acusou o juiz Bonadio de abuso de poder. No discurso, ela convocou os militantes a se unirem contra o governo de Mauricio Macri.