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Matérias - 02/05/2016 | 07h06m

Estudantes reocupam escola por fraudes na merenda

São Paulo

Estudantes voltaram a ocupar a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste paulistana. O colégio havia sido um dos primeiros locais tomados pelos jovens durante a mobilização iniciada no fim de 2015 contra a reorganização escolar proposta pelo governo estadual. O prédio ficou sob controle dos secundaristas do dia 10 de novembro até dia 4 de janeiro deste ano.

O grupo pretende permanecer no local por tempo indeterminado. Os estudantes protestam contra falta de merenda e denúncias de corrupção nos contratos da alimentação dos alunos da rede estadual. Os secundaristas haviam ocupado o Centro Paula Souza, autarquia responsável pela administração do ensino técnico no estado.

Os jovens também acusam o governo de São Paulo de ter mantido disfarçadamente o processo de reorganização escolar que foi suspenso após a mobilização do ano passado.

“Também tem o fechamento de salas, foram mais de 1,3 mil no estado. Períodos fechados. Aluno que teve de mudar de escola ou de turno. Na escola Fernão Dias, dois segundos anos duas turmas do ensino médio tiveram que ir para o turno da noite porque não tinha o turno da tarde”, disse a estudante Manuela Day, de 15 anos, ao falar sobre as reivindicações do movimento.

O processo de reorganização que seria implantado pelo governo do estado previa o fechamento de 93 escolas e a transferência de 311 mil alunos para instituições e turnos diferentes. As medidas foram interrompidas após a série de protestos e ocupações.


De manhã, continuavam a chegar mais estudantes para fortalecer a ocupação da escola. Alguns pais e simpatizantes traziam sacolas com alimentos. A expectativa era de haver uma assembléia para decidir os rumos do movimento.


“Agora tá todo mundo dormindo lá dentro. Estamos com cerca de 80 pessoas. A gente está descansando um pouco para poder conversar, reunir comissões”, disse Manuela, que é aluna da Escola Godofredo Furtado, também na zona oeste.

A Polícia Militar faz ronda constante com viaturas no entorno da escola. Segundo Manuela, durante a madrugada os policiais usaram spray de pimenta para tentar conter a ação dos jovens.

Os estudantes continuam se articulando e de acordo com Manuela, pode haver novas ocupações em breve. No ano passado, cerca de 200 escolas chegaram a ser tomadas pelos jovens.

 

Fraudes

Uma força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público investiga na Operação Alba Branca, deflagrada no dia 19 de janeiro, um esquema de fraudes na compra de merenda escolar de prefeituras e do governo paulista.

Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Ribeirão Preto, as fraudes na contratação da merenda, entre 2013 e 2015, envolvem 20 municípios. Os contratos sob suspeita chegam a R$ 7 milhões, dos quais R$ 700 mil foram, segundo os promotores, destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.