Matérias - 17/06/2016 | 11h41m
ONU denuncia Estado Islâmico por genocídio
Nova Iorque
A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou quinta-feira, 16, pela primeira vez, o grupo extremista Estado Islâmico por praticar crimes de genocÃdio, de guerra e contra humanidade. A acusação legal faz parte de uma denúncia feita pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão de inquérito da ONU sobre crimes na SÃria.
Em seu relatório, Pinheiro pediu que os delitos do Estado Islâmico sejam levados para cortes internacionais e que o Conselho de Segurança faça uma intervenção para salvar a minoria religiosa yazidi, uma das mais afetadas pelas ações do grupo armado.
O informe de Pinheiro está sendo disponibilizado para procuradores da SÃria e do Iraque, as zonas onde o Estado Islâmico controla mais territórios, caso queiram abrir processos em tribunais locais contra o grupo.
Com tradição milenar, os yazidis são considerados infiéis pelo Estado Islâmico, que adota táticas de perseguição e assassinato contra minorias religiosas e étnicas que não sigam a vertente sunita do Islã. A ONU estima que cerca de 400 mil yazidis viviam na SÃria e no Iraque em agosto de 2014, mas que milhares foram sequestrados, torturados, vendidos ou mortos.
Cerca de três mil mulheres e crianças estariam sendo mantidas reféns na SÃria pelo Estado Islâmico e usadas como escravas sexuais dos jihadistas. Uma jovem chegou a ser vendida 15 vezes entre os extremistas num centro de comércio em Raqqa, onde cada mulher é ofertada como mercadoria por US$
De acordo com o relato de uma outra escrava sexual de 12 anos que foi comercializada quatro vezes, há meninas ainda mais novas nas mãos dos extremistas. Algumas mulheres, porém, só conseguem voltar para suas famÃlias se forem recompradas por seus parentes por preços que podem chegar até US$ 40 mil. Os meninos estão sendo doutrinados para se tornarem combatentes e são obrigados a matarem o próprio pai.
