Matérias - 22/08/2016 | 06h37m
SAOS atinge mais mulheres na pós-menopausa
São Paulo
As mudanças caracterÃsticas no corpo das mulheres no perÃodo da menopausa e principalmente o aumento da circunferência da cintura podem provocar a sÃndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), um mal que acarreta danos à saúde como disfunções cardiovasculares e alterações neurológicas.
A constatação é de uma pesquisa do Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) – Campus São Paulo, que serviu de base para tese de doutorado do farmacêutico Daniel Ninello Polesel.
A sÃndrome atinge tanto homens quanto mulheres e tem grande incidência entre os obesos.
“O acúmulo de gordura em especial na região abdominal comprime os órgãos internos e no momento em que a pessoa está dormindo, ela relaxa a musculatura dificultando o ato de respirarâ€, disse o farmacêutico.
Segundo ele, existem tratamentos como o uso de máscara, o CPAP (Continuous Positivo Airway Pressure, que significa pressão positiva contÃnua das vias aéreas).
“É uma espécie de ventilador que manda o ar para dentro do organismoâ€, explicou o pesquisador.
Polesel contou que, entre julho e dezembro de
Para isso, a pesquisa teve a participação de 407 mulheres voluntárias com idades entre 20 e 80 anos que foram submetidas a exames de polissonografia. Nesses exames, são colocados eletrodos na região da cabeça e uma cinta na região do tórax que permitem acompanhar as variações que ocorrem durante o sono. Do total avaliado, 268 mulheres estavam na pré-menopausa, 43 na pós-menopausa recente (até cinco anos da menopausa) e 96 na pós-menopausa tardia (mais de cinco anos da menopausa).
Em 68,4% dos casos, o tipo mais grave desse distúrbio de sono estava no grupo da pós-menopausa tardia. Também foi verificada maior incidência entre as voluntárias com a cintura medindo
De acordo com Polesel, o resultado levou a algumas considerações importantes para avaliação clÃnica como o fato de que a circunferência abdominal é mais relevante do que o Ãndice de Massa Corpórea (IMC). Há mais chances de uma pessoa com acúmulo de gordura na cintura vir a sofrer a sÃndrome do que outra com a massa corporal bem distribuÃda, ainda que esta esteja acima do peso ideal. O pesquisador destaca, no entanto, que a perda de peso sempre ajuda a minimizar os riscos de distúrbios na saúde.
Faixas mais suscetÃveis a riscos
A pesquisa indicou que as mulheres mais predispostas a desenvolver a sÃndrome estão na faixa entre o inÃcio da menopausa e também no perÃodo posterior, quando são mais frequentes os sintomas de insônia, a baixa eficiência de sono, irregularidade no padrão respiratório, além da sensação de ondas de calor e suor frequente.
Esses sintomas são decorrentes da redução da concentração dos hormônios estrogênio e progesterona, explicou, através de nota da Unifesp, a ginecologista Helena Hachul de Campos, pesquisadora na área de sono da mulher e orientadora do estudo.
“A partir da queda hormonal, que é fisiológica, o organismo feminino fica sujeito a consequências negativas à saúde, como desenvolvimento de osteoporose, alterações qualitativas na pele, aumento do risco cardiovascular e da incidência de distúrbios respiratórios do sono.â€
De acordo com a médica, a frequência desses sintomas, em alguns casos, acaba dificultando o diagnóstico do distúrbio do sono.