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Matérias - 25/01/2017 | 06h27m

Traficantes roubam cargas para elevar poder econômico

Rio de Janeiro
Quadrilhas que controlam o tráfico de drogas em áreas do Rio de Janeiro próximas a vias expressas e galpões identificaram o roubo de cargas como uma forma de aumentar seu poder econômico nos últimos três anos. O assunto foi debatido por agentes de segurança que participaram terça-feira, 24, do Fórum Permanente de Combate e Prevenção ao Roubo de Carga, que se reuniu na Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Em 2013, o total de roubos de carga registrados no estado do Rio de Janeiro somou 3.534 casos, segundo o Relatório de Roubo de Carga do Instituto de Segurança Pública (ISP), da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Apenas um ano depois, a incidência subiu para 5.590 e, em 2015, chegou a 7.225. O aumento continuou em 2016, com 8.541 casos registrados apenas entre janeiro e novembro.

O superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Rio de Janeiro, José Roberto de Lima, disse que as primeiras quadrilhas do tráfico de drogas a verem o roubo de carga como uma oportunidade foram as que controlam o tráfico nos Complexos do Chapadão e Pedreira, na zona norte da capital. As comunidades em que esses criminosos atuam são próximas a vias expressas como a Avenida Brasil e a Rodovia Presidente Dutra, numa área onde também há galpões de empresas de logística - muitos deles abandonados.

"A viabilidade econômica desse crime no horário diurno se tornou algo muito atrativo para o tráfico e isso está se espalhando. Quadrilhas de outras favelas estão aderindo", afirmou Lima, que acredita que as quadrilhas acabam aproveitando a "mão de obra" que ficaria parada durante o dia para cometer os crimes, quando há a oportunidade.

A rentabilidade do crime de roubo de carga supera a receita com o tráfico durante o dia, segundo o superintendente da PRF no Rio e garante mais recursos para a compra de armamentos usados no controle territorial. Para o delegado titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) da Polícia Civil, Maurício Mendonça, a consequência desse processo é um agravamento da violência.

"O trafico está usando a mercadoria roubada para adquirir mais droga e mais armamento, fortalecendo o tráfico nas comunidades".