Matérias - 01/06/2018 | 11h23m
África exige restituição de tesouros roubados
Benim
Embora de acordo com a etiqueta os três totens expostos no Museu Quai Branly de Paris sejam uma "doação", seu país de origem, o Benim, pede a restituição do que considera um tesouro roubado durante a época colonial. "Estátuas do reino de Dahomey, doação do general Dodds", diz a etiqueta para descrever esses totens meio humanos, meio animais.
Na realidade, essas imponentes estátuas foram pegas em 1892 pelas tropas francesas do general Alfred Amédée Dodds durante o roubo do Palácio de Abomey, a capital histórica do atual Benim.
"Vim para aprender como usavam esses objetos mais do que a forma como chegaram aqui", comenta Michael Fanning, um estudante americano de Nova Orleans, admirando as estátuas. "Mas, efetivamente, acredito que deveriam ser devolvidas aos que as fabricam.”
Segundo o Benim, na França existem entre 4.500 e 6.000 objetos que pertencem ao país, incluindo tronos, portas de madeira gravada e cetros reais.
Do British Museum de Londres ao Museu Tervuren da Bélgica, numerosas coleções europeias transbordam de objetos de arte chamados "coloniais", adquiridos em condições muitas vezes discutíveis.
Naquela época, militares, antropólogos, etnógrafos e missionários que percorriam os países conquistados voltavam para casa com recordações compradas ou trocadas e às vezes roubadas.
Inclusive o ex-ministro francês de Cultura André Malraux foi condenado nos anos 1920 no Camboja por ter tentado arrancar os baixo-relevos de um templo khmer.
A controvérsia não é nova e não concerne unicamente à África. Há décadas a Grécia exige ao Reino Unido, em vão, a restituição dos frisos do Partenon.
Mas o continente africano foi especialmente afetado.