Síria - 22/02/2019 | 06h15m
Carro-bomba deixa 20 mortos na Síria
Pelo menos 20 pessoas, incluindo 14 funcionários de um campo de petróleo, morreram quinta-feira, 21, num ataque com carro-bomba numa região do leste da Síria sob o controle da aliança curda que combate o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
"O carro-bomba foi operado remotamente na cidade de Cheheil", durante a passagem do comboio que transportava os trabalhadores do campo petrolífero de Al Omar, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
As vítimas incluem seis "recrutas" das Forças Democráticas da Síria (SDF), a aliança árabe curda que combate o EI.
O ataque foi reivindicado na tarde de quinta-feira pelo Estado Islâmico mediante mensagens distribuídos com ajuda do serviço de mensagens Telegram.
As células jihadistas que ainda subsistem na zona "estão tentando frear novos avanços" declarou à AFP um porta-voz das FDS, Adnan Afrin.
Paralelamente a isso, inúmeros civis permaneciam encurralados no último reduto do EI no leste da Síria, e as forças antijihadistas apoiadas por Washington tentam evacuá-los para poder finalmente derrotar os jihadistas que restam na ativa.
Centenas de homens, mulheres e crianças foram evacuados na quarta-feira por uma dúzia de caminhões, deixando o último setor jihadista na cidade de Baghuz, muito perto da fronteira com o Iraque.
Atualmente, os combatentes curdos e árabes das FDS estão concentrados nessas evacuações, que permitirão derrotar os últimos combatentes do EI, e anunciar com grande pompa o fim do "califado" autoproclamado em 2014 pelo EI entre a Síria e o Iraque.
"Ficamos surpresos ao ver que ainda há um grande número de civis dentro (do reduto jihadista), além dos combatentes", disse à AFP um porta-voz das FDS, Adnan Afrin.
"Todos os dias esperamos que os civis saiam para encontrar refúgio nas FDS", acrescentou.
Na quarta-feira, ao menos 10 caminhões transportando homens, mulheres e crianças deixaram o povoado de Baghuz.
Numa posição das FDS, aliança curdo-árabe que conduz a ofensiva "final" contra o EI na localidade, uma jornalista da AFP viu passar os caminhões deixando Baghuz com dezenas de homens, que escondiam seus rostos, além de mulheres em niqab e muitas crianças.
As FDS e a coalizão internacional anti-EI desaceleraram suas operações para deixar que as famílias saiam e acusam os jihadistas de usar os civis da localidade como "escudos humanos".
Homens suspeitos de pertencerem ao EI são transferidos para centros de detenção. Civis, incluindo mulheres e filhos de jihadistas, são enviados para campos de deslocados no nordeste da Síria.
Em Baghuz, o EI controla apenas uma pequena área de casas. Os jihadistas estão entrincheirados em túneis, no meio de um mar de minas que impedem o avanço das FDS.
A situação alimentar é crítica e itens de alimentação são vendidos a preços extorsivos, segundo testemunhas.
Os abrigos recebem mais de 2.500 crianças estrangeiras de mais de 30 países, das quais 1.100 chegaram desde janeiro, informou a ONG Save the Children quinta-feira.
Entre essas crianças, muitas não estão acompanhadas pelos pais, disse a organização, que denuncia uma situação humanitária "desesperadora". "As crianças estão em perigo de morte", alertou a ONG.
A questão dos estrangeiros radicalizados bloqueados na Síria é um verdadeiro quebra-cabeças para as autoridades semiautônomas curdas. Esses ocidentais representam um verdadeiro desafio para os países ocidentais, que não gostariam de repatriá-los apesar dos apelos nesse sentido das forças da coalizão.
Agência France-Presse