Editorial - 28/09/2020 | 20h20m
Política: chegar e permanecer
Barra Mansa é um município da região do Sul Fluminense do Estado do Rio de Janeiro com marcas profundas no item “política”.
Famílias tradicionais ocupam o poder central com parentes “presenteados” com cargos diversos e gratificações à altura.
Entra e sai governo e a influência é a mesma. Troca-se o cargo, mas não o nome do possuidor. Não há chance para o anônimo entrar e fazer parte ou ser mais uma opção do cidadão comum.
Aliás, na principal avenida da cidade, a Joaquim Leite, rotina é encontrar vereador em mandato transitando sem ao menos ser reconhecido. Caminha e dificilmente observa-se a proximidade do eleitor, ou seja, o contribuinte em sua maioria sequer sabe o nome de um legislador tão pouco dos 19 no pleno exercício do cargo público.
Passar despercebido é tão natural, que o ato de votação pouco mexe com o quotidiano do eleitorado diante do abandono e pouco hábito de divulgação da política local, facilitando assim, a permanência de nomes, que vivem do ganho no Executivo e Legislativo há anos, permanecendo na folha de pagamento intocável e em posição de eternidade. Chega-se com uma condição social. Em poucos anos tem-se o patrimônio aumentado, aumentado, aumentado e o pior: aos olhos da sociedade, que nada cobra e nada questiona.
Diante da facilidade e da permanência no sistema político, dificilmente um novato não acostumado com tais situações finca seus pés de imediato.
Após o resultado oficial da eleição, a vida tem outro destino e outro cenário.
O que antecedeu o clima principal é esquecido.
Os discursos são esquecidos.
As promessas são esquecidas.
O eleitor é esquecido.
O mandato e a permanência nele é o equilíbrio que, em muitos casos, leva o eleito à riqueza ou à completa escuridão de si mesmo.
Política é algo assim: chegar é o entusiasmo; permanecer é o “abstrato”.
Eliete Fonseca
Jornalista Profissional
Registro MT 18.902/RJ